Este blog não possui nenhuma afiliação social, empregatícia, financeira ou política a não ser comigo mesmo. As opiniões expressas aqui refletem meu ponto de vista sobre assuntos aleatórios e nada mais. Comentários são mais do que bem vindos, são encorajados, positivos ou não. Até prefiro comentários oposicionistas, afinal um mundo que pensa igual é desprovido de inovação. Portanto, sinta-se em casa. Espero que ler minhas verborréias esporádicas traga-lhe o mesmo prazer que tenho produzindo-as.

[ваκκєr]

P.S. Algumas vezes algo que eu quero expressar não pode ser dito (apenas) com palavras, então vai parar em meu fotolog ao invés de aqui. Confira-o de vez em quando.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

'A invenção da necessidade' ou 'desejar vs precisar'

Vários inventos, em diferentes momentos históricos, foram acusados de resolverem apenas aqueles problemas que eles mesmos criaram. É o caso dos computadores e da minha citação predileta de Homer Simpson: "Um brinde ao álcool. A causa - e a solução - de todos os problemas da vida."
Acredito que o mesmo possa ser dito do meu computador de bolso, PDA ou palm, para os mais chucros. Eu definitivamente não morri de inanição nem fui preso por sonegação fiscal nas duas décadas em que ele não esteve por perto para me lembrar de pagar meus impostos ou comer meus brócolis. Mas hoje eu não sei dizer como seria minha vida sem ele.
Meu primeiro ensaio em possuir um PDA ocorreu em 97 quando me dei um notebook de presente de aniversário. Era um trambolho de quase 2kg e tinha apenas 16MB de RAM, mas quando me mudei para São Paulo foi o único computador que eu pude levar comigo. Com a invenção do Napster em 99 ele logo se tornou, além de ponto de acesso à internet discada, em uma biblioteca musical (apesar de seu HD de menos de 2GB), mas ainda não era nenhum iPod em matéria de portabilidade.
O meu portátil seguinte foi um HP com mais ou menos as mesmas características técnicas do notebook, mas com um oitavo do tamanho e um décimo do peso. Infelizmente o coitado não possuía HD, então eu tinha de me virar com um cartão de memória de 32MB (um latifúndio para as câmeras digitais da época, mas mal era suficiente para carregar um álbum de MP3). Um acidente infeliz levou à aposentadoria precoce do mesmo, que foi substituido por um modelo mais moderno, com 64MB de RAM e um processador mais potente, além de uma tela de maior qualidade (suficiente para carregar algumas fotos da minha namorada no bolso, hábito que eu não tinha antes dele). Além de organizar meus compromissos, ler meus e-mails e ouvir umas MP3 no metrô, como seu antecessor, ele me permitia, com muito esforço, me conectar à internet da rua. Era um processo complicado que envolvia alinhar as portas infravermelhas dele e do meu celular e custava os olhos da cara, mas numa emergência era uma ferramenta valiosa. Mas infelizmente (estes brinquedos caros que cabem no bolso da sua calça podem ser um tanto delicados) este também foi aposentado precocemente.
O que nos trás a 2005, quando eu adquiri meu PDA atual. Com 400 MHz de processador (o dobro do seu antecessor), 64MB de RAM e 96MB de memória interna, ele ainda conta com Bluetooth e Wi-Fi para conexões sem fio, câmera digital embutida, infravermelho (com a capacidade de funcionar como controle-remoto universal) e uma entrada para cartões de expansão mais moderna. Começou a era do acesso à internet sem fio para mim. Com um pouco de habilidade no uso do reconhecimento de escrita dá para puxar um papo no MSN ou, com sinal bom o suficiente, até mesmo fazer um telefonema via Skype. Com o cartão de expansão de 2GB (maior que o HD do meu velho notebook) posso até mesmo assistir filmes na sua telinha. Adicionando-se um fone Bluetooth estéreo, ouvir música se tornou um processo literalmente desembaraçado, sem aquele fiozinho incômodo correndo das orelhas até o bolso (além de permitir atender chamadas de celular). E a mais nova adição ao brinquedo é o receptor de GPS, que renovou ainda mais meu encanto com o aparelhinho. Ao me sentar no banco do motorista, coloco o PDA no seu suporte no painel do carro, digito o endereço de destino e deixo o serviço de pensar no caminho para ele. Uma voz feminina me instrui (em inglês) sobre onde e quando virar (com enorme tolerância às minhas falhas de atenção, ao contrário do navegador no banco do passageiro) e, ao chegar, é só guardá-lo de volta no bolso. Isso tudo, é claro, sem interromper em momento algum minha apreciação de MP3 em bom estéreo digital.
Mas eu realmente preciso dele ? Eu não me virei por anos em São Paulo sem ouvir MP3, sem usar o MSN da rua, sem GPS ? Aonde traçar a linha necessidade versus modismo ?
E a resposta é que a linha é difícil de definir porque é arbitrária e subjetiva. Algumas pessoas vêem com desgosto o crescimento do uso de celulares e ainda se recusam a ter uma conta de e-mail, enquanto outras cercam-se da última palavra em tudo, de automóveis inteligentes a televisores de alta resolução. Coisas que na minha opinião são supérfluas como jóias e roupas caras são o pão-com-manteiga da vida social de outras pessoas. E apesar de me vestir sempre com as mesmas camisetas gastas, tênis velhos e calças de barras rasgadas, eu gosto de me cercar de pequenos luxos, como um computador rápido, TV a cabo digital e o meu querido e inseparável PDA.

3 comentários:

Anônimo disse...

Você vive numa sociedade de consumo, logo está sempre sujeito ao consumismo...
Não vou dizer que você esteja na esfera do consumismo, mas muitas vezes somos manipulados pela publicidade (seja ela directa ou indirecta, explicita ou implicita) e isso cria necessidades superfluas aparentemente primárias.
Gostei do post.

Keep up the good work mr. Mercer

Flavio Reino disse...

Eu proponho uma volta as origens
72 horas tomando banho em rio, dormindo em colchao de paraíba, bebendo sangria barata, fazendo churrasco e sem saber que horas sao pq nao tem um relogio na porra do lugar.

Convida o Maykon pra ir pro sítio dele :P

Anônimo disse...

Ah, memórias dessas brincadeiras do seu PDA atual, desligando televisores alheios... :P

É algo que vai de cada pessoa, mas sei bem que no seu caso, essa tecnologia toda não é supérflua, mas um canal prático a diversas fontes de informação/conhecimento/comunicação.
...Até que inventem um blusão de grife com conteúdo da Wikipedia. Humm, ok, orkut. (metade da graça se foi por não poder usar a tag [strike])

just my two cents